domingo, 13 de dezembro de 2009

Angustias

Hipocrisia, a febre da humanidade
Falsidade, como eu odeio
falsos sorrisos, abraços, apertos de mão
mentira, fingimento, olhares desviados

Como eu queria ter a coragem pra dizer
e a força pra nao sentir....

Tudo se mistura, entre amor e ódio
Água e fogo, dois elementos opostos que se completam

Queria não sentir
queria te contar
queria nao mentir
queria nao te amar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Salto




Resolvi que vou saltar

só fechar os olhos e largar meu corpo no ar.

Não dá mais pra manter os pés no chão

vou voar, me entregar

abrir os braços e desistir.


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Somos Romeu e Julieta

onde Montecchio e Capuleto são as barreiras impostas por nós mesmos

para nos manter próximos e distantes.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Madrugada fria




Foi aí que eu percebi que dói
e falta o ar, por mais que eu respire
Ainda que eu só tenha pensamentos repetitivos, a redundância me enloquece.
Não é o saber, ou saber o que seria ruim que me perturba
A dúvida, cruel incerteza, simplesmente
não entender a mim mesma, e ficar na dúvida
Isso sim é o que me destrói aos pouquinhos
E meus fragmentos vão escorrendo pelo vão da ampulheta
Pó, poeira brilhante
Sinto falta de mim, e percebi
que me perdi dentro da imensidão e ao mesmo tempo do minúsculo espaço que há em mim.
Quanto antagonismo!
Extremismos, pontos de interrogação.
Ah que o olhar me acalma, embora a textura que os lábios teriam me intriga.
Me tira o sono.
E foi aí que percebi, perdida em pensamentos, que não há saída do meu próprio labirinto
Minotauro escondido, onde não há heróis.
Salva-me da guerra, Teseu está morto
onde os príncipes não vem num cavalo branco
mas lutam com dragões.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pétalas caídas...




Cultivado que em rosa se fez

de pétalas sedosas harmonicas

em que o tempo escorria como em gotas de orvalho

caiam pétalas que descuidadas

sofriam amargura de dores incomuns

No silencio, no escuro, ausência

Cultivo do carinho que se foi

morre flor, nascida em botão perfeito

caem as pétalas que forram o chão

de onde piso e ali se fazem meus passos

Morre a dor, e a beleza

a esperança, amizade, amor

Nada resta, de então só pétalas em flor

Era eu quem corria na brisa

brilho dos teus olhos, guia

fim de tarde amarelado

cor do meu céu, mistura do teu

quadrantes distantes, coerentes

incomuns... tão em comum

da pétala em flor, resto

sombras duplicadas, harmonia

em que o talvez ainda perdure.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Só refletindo...

Uma amiga minha ligou, dizendo que a nossa outra amiga havia terminado com o namorado, ou o respectivo havia terminado com ela. Parte da história era que ele nao queria que ela fizesse faculdade, por ciúmes e sei la mais o que. E ela ia fazer matrícula, resultando na saída iminente dele de casa, em uma atitude chantagista infantil. A noite a amiga em comum me disse que ela havia contado que passou a noite com ele. E hoje ela nao atende mais o celular, desligou. Provavelmente devam ter voltado.

Isso me fez refletir como ficamos presos a relacionamentos doentis. Tendo atas imaginárias que são mais fortes que qualquer amarra. São atas que prendem psicologicamente, que fazem com que voce perca o juízo, que suas açoes passem a serem executadas por medo, receio, medo da repressão, ou medo de perder, medo de prejudicar, medo de estar fazendo a coisa errada.

Passa-se a viver triste, sempre na corda bamba, enquanto a felicidade escoa pelo ralo a cada gota de água que cai. Vivemos cegos, de um amor doentio, obsessivo, um amor mesmo? Creio que não. Amores e paixões nao funcionam dessa forma. Não que tenham uma regra para seguirem, mas nao creio que chantagem, medo, receio, façam parte dos ingredientes de coisas que deveriam trazer alegria e não medo.

Penso ainda que total amor é o oposto de total ódio. Extremos não são bons, trazem descontroles. A raiva te leva a insanidade, e a perda de juízo e controle dos seus atos. O amor e a paixão também. Fazem você agir sem pensar, fazer coisas sem ver, dizer coisas sem perceber.

Talvez seja ideal manter a sanidade, pelo menos a habilidade de controlar suas faculdades mentais, caso contrário, ou a raiva te governa ou o amor e a paixão te cegam.

Tarde demais para alguns.... para aqueles que ainda tiverem salvação, boa sorte.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Inflexões e dunas

"... e nos olhos refletia a lembrança do passado enevoado
venta, movimenta os fios da memória que traz e afasta, em ondas
dunas que mudam, feitas de areia, em amplitudes diferenciadas
materia-prima única, erguendo monumentos unicos em seu altar
que se muda, de forma, tempo e lugar
deserto, tempestade de areia
faz do ceu refugio das particulas
e repousa em silencio em um todo
de volta ao lugar."

Inspirado e dedicado ao amigo especial

Renato Teixeira.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Olhos Castanhos

"Quando do ímpeto de falar
que as palavras engoli, sobrou o olhar
um zumbido de silêncio
teus olhos, meio sorriso
certezas mudas, dúvidas sonoras
é que se abriram as possibilidades
de transitar por entre os momentos
e vagar pelo que é tempo meu."

quarta-feira, 17 de junho de 2009

de uma conversa...conexão

vc esta numa fase que vejo assim:
tem que romper uma coisa que esta te mantendo de asas atadas
vc tem que fazer uma força absurda pra abrir as asas
essa força é tudo aquilo que te causa mal estar
sao as situaçoes complicadas
como um dragaozinho tentando nascer
ele se ve sufocado
preso dentro de um ovo
que nao consegue quebrar
ele esta vivo
se ele ficar muito mais tempo ali dentro ele vai morrerr
entao ele começa a sufocar e perder as forças
e tudo parece uma droga
dificil e complicado
ate que ele reune as forças e consegue sair
e ver a luz da lua
pela primeira vez

segunda-feira, 15 de junho de 2009




Rapsódia de ruinas

Através ..., mundos que ve. Enxergar.... reflexo contrário, opostos de espectros
Observar em transparencias, o que esconder, o que buscar
Em oráculos o que aponta, no sagrado, proibido, o oculto
E tudo enxerga, as dores, paixões, desejos, repúdios
Em rapsódias compostas de paródias sutis
Catedrais erguidas, templos, castelos e ruinas
Enfim em tudo ver, sentir
Na insanidade do momento
Acreditar em batalha com o duvidar
Entre letras, e linhas, e vozes, e sons
No silencio gritante
em maioria
é que se ouvem
verdades.

domingo, 14 de junho de 2009

Passos e passado

No caminho que se estendia a frente a luz do sol era agora apenas uma linha tênue que ainda restava, e ela apenas fragmentos do que tinha deixado pra trás. Há poucas horas ainda estava com aqueles que eram importantes para ela, que significavam muito, mas agora, eram lembranças, e uma delas dolorosa. Dizer adeus para ele foi o mais difícil. Olhar naqueles olhos mais uma vez, talvez a última, onde seus sentimentos de raiva e amor se misturavam, sentir mais uma vez aquele cheiro tão familiar, ouvir aquela voz, que ela tanto gostava de ouvir e sentir vibrar, apenas de olhos fechados, mas a mágoa e o rancor se misturavam ao carinho e admiração. Ela partira, para nao destruir poucas coisas que restaram. Ela partira para nao deixar em pedaços aquilo que ela lutava para manter intacto. Há poucas horas, ela estava se arrumando meticulosamente. Vestia-se lentamente. Seu vestido lilás, seu favorito, e por cima o cinto de couro. Calçou as botas, sem pressa, ia trançando o cordão, lado a lado, como um trabalho artesanal único. Prendeu o punhal em seu tornozelo esquerdo. Nos cabelos soltos, pequenos adornos escuros,envelhecidos. Em sua bolsa, poucos pertençes.
Quando ela cruzou a porta, sabia que deixaria para trás uma parte de si, mas a outra parte que restaria ficaria inteira, e isso era o que importava. Levaria consigo a parte dela forte, guerreira e que não seria destruida nem massacrada. Ele estava sentado em uma pedra, próximo a uma velha árvore. Estava de olhos fechados, mas ele sabia que ela estava lá, parada, e que o observava. Quando ele abriu os olhos, seu olhar era distante, mas ainda assim profundo. Ele a encarou, e ela sabia que aquele olhar enxergava no fundo de sua alma, mas aquela seria a última vez. Ela o encarou. Seria a última vez. E foi.
O sol se pondo, fazia com que o ambiente se escurecesse lentamente, enquanto ela caminhava pela estrada de terra, deixando o vilarejo para trás. Sua irmã, que era sua única família, e ele, o guerreiro, que durante muito tempo caminhou ao lado dela. Estava acabado. Nada mais. E o olhar dele foi a única coisa que restou, junto com o carinho, e a mágoa. Sentimentos que se misturavam, em ebulição dentro dela, confusos, dolorosos.
E mais uma vez, enquanto escurece, seus pensamentos se prolongam, levados até o por do sol, do dia em que partiu, tendo em sua jornada a companhia constante da raiva e do amor.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Longitudinais

Ecoa
Som do vento que sopra no vazio
Espirais ascendentes
energia em vórtice que se expande
Vácuo espectral
Respira, cristal reluzente
que és tú movimentos opostos
e transmuta, ligeira tormenta
tempestade, amplitude de horizontes
possibilidades de universo total

domingo, 26 de abril de 2009

Notas musicais...

Quisera eu ser poesia, música, vinho, vento...
Descreveria textos maravilhosos, ouviria as músicas mais belas
Avistaria as mais sublimes paisagens, desceria no mais fundo dos oceanos.
Amaria sem o medo da entrega, odiaria sem o receio da vingança
Talvez sorrisse mais, e risse com as crianças
Ou então chorasse, só por ver como um por do sol pode ser tão bonito.
Seria mais humana, menos fantasia
Quisera eu ser flor, céu, mar, tempo...
Passaria o dia, a noite, olhando o céu, as estrelas
Brincaria com as ondas na praia, com as folhas que caem
Seria as notas que saem do piano, violino, objetivas e suaves
Seria mais simples, talvez mais complexa
Quisera ser eu...
Quisera
eu
ser...

sábado, 18 de abril de 2009

Areias do deserto

O medo arde em meu peito, sou fraca, a raiva perdida levou embora a mulher destemida, sem pesos desmedidos, acometida pelo confuso sentimento de solidão. Na quase entrega, meu corpo dói, o peito explodindo em arcos difusos, os passos parados no meio, o tempo estacionado, mundo imutável de sensações, luzes, quaisquer direções.
A estrada já vazia, traz marcas no solo, pegadas apagadas de lembranças perdidas. Estou cansada, abatida, a espada pesada, armadura ferida.
Polarizando sentimentos, vazio, furor da tempestade, vento.
Estou perdida, e não sei se me acho.
De segurança, restou pensamento, menina assustada, criança atrevida, imatura, imaginação alada. Foge as rédeas, vagueia, cavalga livre, selvagem insano, e se perde mais uma vez, outras tantas mais.
Me falta a razão, que dissolve entre os dedos, voa leve com a brisa, separa em grãos, fragmentos que sobram, quem sabe volta a se unir, um dia perfeito.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ondas


São muitas as moradas, sentimento que ondeia
vagueia livre pelo oceano transita mundos, planos
descobre que é infinito e imortal, se desmonta
remonta pequenas gotas, verdades, enganos
O que eu achava, enganada, enfim nao era
O que pensava, fingia, nao sinto ?
Se digo a verdade, é, nao digo
Mas digo a verdade então se minto?

terça-feira, 14 de abril de 2009

O voo do dragão


Olhos de dragão, inegável grandeza
que da sutileza, seu corpo não aprisiona
questiona
e não permaneçe no apático, momento estático

Voa, que tua alma é livre, e grandiosa
estrondosa melodia que ressoa
silenciosa
entre mundos, em átimos de sublimes segundos

Cruza os céus, incansáveis asas
casas, tantas moradas, a busca
procura
o tempo,a morada única é em ti , teu templo

Pousa os pés na terra que te ampara
garras, desenhando o traçado que impera, universo teu
esfera
parte que arde, complemento de teu céu, tua arte

Guerreira, limiar do absoluto expandido
escondido, o vórtice secular fragmentado
movimento
simples complexidade, traço contínuo, identidade

tua arte final
eternidade.


Pequena homenagem a Luciana Waack
grande alma, amiga, guerreira e companheira
de uma trajetória chamada eternidade.

terça-feira, 31 de março de 2009

Melancolias Utópicas

A melancolia se arrasta pelo chão
onde o tempo se arrasta ao redor
Suplício do peso dos séculos
Estátua, adornada de eternidade
Retrato vivo da antiguidade presente
Quebrada e lascada, as farpas fincadas
Espinhos da luta, escudo no chão
A espada sem fio, na mão, fechada
Apenas corta o tempo
Separa o foco, distrai o reflexo
Cansaço, fruto do tédio, império interior
Resquício e fragmentos do arrastar dos ponteiros
A roda a girar, fechar os olhos
Voltar
Para o mesmo lugar.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Peças




Resolvi me desmontar
sou quebra-cabeças, peças infinitas
descontruindo, recolocando
O vento sopra, embaralha
Está tudo tão confuso
Falta peças

E essas que são elas?
Me entregue a sua, quem sabe encaixa
E completa um lado, hemisfério
Pólo complexo

Simples, concavo espelho convexo.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Dilacerar - Castigo-me... castigo-te...




Hoje me veio a fúria, tamanha a me castigar
Impossível, tentes, não há como dominar
Hoje eu cerro os dentes, cravo as unhas, arranco-te o coração
empunho a espada, corto o ar, cavalgo sem direção

Hoje as garras saltam-me as mãos
hoje não há pena, não há perdão
rasgo-te a pele, tua carne a dilacerar
meu ódio crescente, corto-te a garganta, sufoco teu ar

E num átimo, teu último suspiro respiro
Satisfeita, saio a caminhar
Não há som, não há resignação
só o silêncio, torpor e minha satisfação.

Quebro-te, parto-me, parto-te, parto eu
Viro o rosto, as costas, a sombra, o ser
Hoje sou absoluta, reino eu, o que foi teu
Parto, com meu retrato rasgado, retalhos, reter.

Universo em corpo

Cai a noite, lua
Sopra a brisa, tempo
Olha o céu, nuvem
Bate as ondas, mar
toca os lábios, beijo
dá-se as mãos, laço
faz-se o nó, atas
fecha os olhos, luz
toca o chão, mármore
silencia, alma
movimento, música
respira fundo, perfume
toca a pele, arrepio
morde os lábios, desejo
toca o fundo, superfície
na janela, caminho
acaricia a pele, gracejo
une os corpos, êxtase
oposto em querer, desprezo

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Torpor

A tarde era de verão, de um resto de verão quente. Paola estava sentada na beira da cama, a luz entrava pela janela e iluminava os cantos do quarto. As cortinas moviam-se suavemente, embaladas pela brisa suave. Ela olhava para seus pés, pensativa. Movia os dedos, seu olhar estava perdido, distante. Não estava triste, não estava feliz, estava obsoleta, nula. A brisa agora batia em seus cabelos. Sua mãe adentrou o quarto, falou algo, sobre alguém que havia se casado, exterior, casa grande, homem rico, ela apenas balançava a cabeça afirmativamente, concordando, não estava nem prestando atenção, ouviu a informação em fragmentos. Ficou sozinha novamente no quarto, percebeu que a música que estava ouvindo havia acabado. Agora so o barulho do ventilador, e de um carro passando lá fora. A sexta-feira também passava, preguiçosa, se arrastando. O violão ao seu lado, tarefas por fazer. Olhou o chão, pensou que deveria ser varrido, e suas roupas dobradas. Um filme para assistir, uma música nova para tirar. E seus pensamentos meio entorpecidos, anulados, flutuantes. Numa tarde quente de uma sexta-feira de verão.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Posse

O cíumes era posse, virou fera
cravou as unhas no chão e os dentes nela
na pele que arrepiou, doeu, uivou
saiu ferida, perdida, não chorou
mastigou, engoliu, digeriu
e olhou pra mão que fechava, segurava
pensou que ali estava
que estava na mão fechada, e abriu
nao tinha nada, a mão vazia, e riu
vazia, não segurava nada
mas eu seu braço reluzente a corrente surgia
ela era a posse
que achava que também possuía.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Castelos de areia


Alicia construia mais uma vez seu castelo de areia. Era o terceiro que ela fazia, o primeiro fora derrubando por uma onda, súbita, traiçoeira~que acertou em cheio a lateral direita de seu pequeno castelo, que ainda estava disforme. Na segunda tentativa, Alícia, tentava com suas pequenas mãos e gestos ágeis, construir a segunda parte do castelo em cima do antigo que havia sobrado e virado apenas uma pequena montanha de areia molhada. Ela já estava orgulhosa com um pequeno muro que havia erguido, e um buraco a frente que seria seu lago, mas de repente, ao retirar mais uma porção de areia do "lago", seu castelo começa a escorregar para dentro dele. Ela sem perceber havia retirado as bases que sustentavam a parede interna do castelo. Pobre Alícia. Ela resmungou, ficou de pé e pôs-se a chutar o que havia restado do castelo e depois se sentou em frente aquela enorme pilha de pequenos montinhos de areia. Refletiu e pensou que poderia fazer um castelo lindo, maravilhoso e nada dessa vez destruiria. E começou a cavar com afinco, fez estruturas para que o "lago" nao afundasse o castelo, montou um muro, e sorriu ao ver que ja tinha até uma torre alta, onde provavelmente uma princesa estaria presa esperando seu príncipe chegar. Estava sentada com as pernas cruzadas, cheia de areia por todo seu maio rosa, com algumas pazinhas e o baldinho jogados de lado. Olhou para o mar, medindo para ver se as ondas chegariam ali depressa, achava que não. Mas eis que ao seu lado surge um par de pernas, e justamente um dos pés posiciona-se no meio de seu castelo, destruindo-o, amassando-o. Alícia olha com os olhos cheios de lágrima de fúria, e encontra os olhos de um garoto estranho, que sorri com sarcasmo, feliz por destruir pela terceira vez o castelo de areia que ela construíra.
Alícia salta da cama, o despertador tocando ao seu lado, tem que se arrumar para ir trabalhar. Ela percebe o sonho estranho que teve, e se recosta em seu travesseiro para lembrar dos detalhes. No sonho, ela criança, castelos de areia... Suspira, atira o lençol para o lado e se levanta. Abre a janela, o sol esta nascendo e o céu se colorindo com poucas cores. Se lembra do sonho ao olhar para o mar. E percebe que é hora de construir castelos mais sólidos, porque os de areia, num piscar de olhos deixam de existir.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Brinquedos

Voce pode mesmo ir jogando seus joguinhos estúpidos e ir coletando suas pérolas, colecionando seus brinquedos que se espalham pelos cantos, usados, largados de lado, tendo em mãos aquele mais favorito, e cobiçando o mais desejado. Mais um pra coleção, mais um com configurações e estrutura diferente, mas, mais um brinquedo, faz praticamente as mesmas funções, e os brinquedos ficam ali a se arrastar pelo quarto, aos seus pés esperando o momento de terem seus minutos de atenção.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Malas

Cruzei a porta da rua com a mochila nas costas e a mala nas mãos. Saí caminhando pela calçada molhada da fina garoa que caia. Ajeitei o casaco. Nas mãos as luvas protegiam contra o frio cortante de inverno. Andava a passos calmos, sem saber direito para onde ir. Uma porta se abriu e la de dentro um cheiro delicioso de café tomou conta dos meus sentidos. Resolvi entrar e me sentei numa mesinha no canto, perto do balcão, em frente a janela. A garçonete, uma moça bonita, loira, sorridente , mas com um olhar triste veio me atender. Pedi um café, apenas. Ela se retirou, olhei pela janela e vi o vidro embaçado, meus pensamentos se distanciaram. Me lembrei de tudo que havia sofrido e as humilhações. Procurava imagens bonitas, mas elas não vinham. Fui desperta de meu devaneio, com um toque suave nos ombros. "Seu café vai esfriar". Era a garçonete de olhos tristes. Eu podia sentir a tristeza daquela mulher, e via o quanto era maior que a minha. Mas não podia voltar a me deixar dominar pelos sentimentos dos outros. Eu já tinha muita coisa por conta própria. Fiquei ali, saboreando o café, por um longo tempo. Pensando no que fazer e para onde ir. Estava sem rumo, sem destino, sem casa, sem nada. Mas justamente por não ter nada disso foi que sorri. Porque pela primeira vez eu me sentia eu mesma.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pertençe?

O que é isso? Um abraço? Tire daí esse braço, menina, que isso aí não é seu.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Traçado

Suba, desenha em teus dedos, minhas curvas
me cubra, e descubra a pele desnuda
ordene no olhar, condene o desejo desmedido que inflama
me arranha as costas, repudie, arrepia, silencie
A língua que percorre o destino e sente o gosto dos instintos
Permita-me entregar-te o que te pertençe, o toque suave no ventre
a ter como rédeas as mãos enlaçadas nos cabelos, conduza
o encontrar e se perder, o poder
O chao que toca os joelhos e acaricia o olhar
Toca-me o queixo com seus dedos, o leve respirar
conduza, encontre e faça se perder e se encontrar
ao se prender para se libertar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Outono chuvoso - Parte I

No torpor do vinho, ela se viu cambaleante pela sala iluminada apenas pela lareira, o cheiro adocicado percorria o ambiente. Foi até a janela, embaçada, a chuva escorria pelo vidro, desenhando linhas aleatórias, desconexas, tristes como lágrimas. Deixou-se levar pelos pensamentos enquanto observava o céu tempestuoso, belo, assustador. Ela sempre gostava de olhar as nuvens, raios e trovões cortando o céu, uma melodia interminável naquela tarde fria de outono. Respirou fundo, percebeu que o vinho em sua taça havia acabado, que diferença fazia?, nao queria mais beber mesmo. Sentiu seu corpo ficar pesado, olhou a sua volta, o ambiente belo, os quadros nas paredes, pareciam olha-la com receio, com olhares esquivos. O tapete persa macio, sob seus pés, vermelho e dourado. Quantas lembranças perdidas, quantas memórias ter que buscar. Alguns objetos que havia trazido de suas viagens, Índia, Veneza, Egito, ah o Egito, que saudade sentia daquele lugar maravilhoso, misterioso, intrigante. Olhou de relançe para um quadro que comprara no Líbano, e se lembrou com um sorriso das melodias belissimas que percorriam o mercado, os becos.


Ela sentou no chao, sobre uma almofada azul e verde, respirou fundo novamente e olhou para a lareira. O fogo estalava, e dançava suavemente, hipnotizante em sua frente. Ficou a fitá-lo por minutos, horas, que fossem por toda a eternidade, perdeu a noção do tempo, lembranças tão boas, mas doiam, a saudade apertava seu peito. Mais um trovao e as janelas balançaram novamente, fazendo com que saisse subtamente de seu transe, e seu olhar se desviasse do fogo para a janela, e de lá para a porta que se abria, e lá estava ele, apenas sua silhueta contra os relâmpagos, mas ela sabia que era ele. Levantou-se e correu, e num abraço se uniu novamente a tudo que sempre havia esperado até aquele momento. Poderia abrigar-se novamente em seu peito, ter seus cabelos acariciados no meio da noite, repousar em seus pés enquanto ouvia suas histórias. Ele voltara, ele a encontrara.Estava completa, pelo menos em uma parte de si.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sublime cativa

Nos beijos entrecortados, no anseio do toque
Na dureza das mãos, na firmeza das palavras
A entrega absoluta que num atimo desata
e ata os nós

as atas visiveis que envolvem, as atas imaginárias que libertam

Sou, estou, entregue, desabo no desabafo, espero
o toque, o beijo, a dor, o prazer, o ser, o ter, o merecer, o vir a querer

Me ate, desate, liberte, cative
cativa sublime, livre furtiva
o olhar esquivo, o arrepiar do corpo, o corpo vestido em pele
adornado pelas gotas de suor, prazer e dor

A entrega, que une, que encerra em ti meu desejo
dono dos meus encejos
senhor do meu sentir
entregue, em ti, unos, sublime cativa.