domingo, 31 de janeiro de 2010

Nao lugar

Naquele espaço sem lugar, olhares se perdem

Onde malas se cruzam, caminhos sem fim

Os abraços se encaixam e despedidas ferem

Ver-te partir foi o partir de mim


Onde os passos apressados então não ecoam

Letreiros luminosos mutáveis em instantes,

Carregando em si sentimentos, que soam

De chegar e partir que se alteram, constantes


O caminhar apressado, em atraso, parte

E ao chegar mais perto então deixou

Que dor crescente, sufocante, pranto, arde

Foi dar-te aquele abraço, em que o silencio reinou


E naquele espaço só de passagem

Desgarrar então de ti, sair de teus braços, o tempo correu

Afrouxar enfim o tão apertado laço, seguir viagem

Em teu vôo que subia, foi meu chão que se perdeu.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Angustias

Hipocrisia, a febre da humanidade
Falsidade, como eu odeio
falsos sorrisos, abraços, apertos de mão
mentira, fingimento, olhares desviados

Como eu queria ter a coragem pra dizer
e a força pra nao sentir....

Tudo se mistura, entre amor e ódio
Água e fogo, dois elementos opostos que se completam

Queria não sentir
queria te contar
queria nao mentir
queria nao te amar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Salto




Resolvi que vou saltar

só fechar os olhos e largar meu corpo no ar.

Não dá mais pra manter os pés no chão

vou voar, me entregar

abrir os braços e desistir.


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Somos Romeu e Julieta

onde Montecchio e Capuleto são as barreiras impostas por nós mesmos

para nos manter próximos e distantes.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Madrugada fria




Foi aí que eu percebi que dói
e falta o ar, por mais que eu respire
Ainda que eu só tenha pensamentos repetitivos, a redundância me enloquece.
Não é o saber, ou saber o que seria ruim que me perturba
A dúvida, cruel incerteza, simplesmente
não entender a mim mesma, e ficar na dúvida
Isso sim é o que me destrói aos pouquinhos
E meus fragmentos vão escorrendo pelo vão da ampulheta
Pó, poeira brilhante
Sinto falta de mim, e percebi
que me perdi dentro da imensidão e ao mesmo tempo do minúsculo espaço que há em mim.
Quanto antagonismo!
Extremismos, pontos de interrogação.
Ah que o olhar me acalma, embora a textura que os lábios teriam me intriga.
Me tira o sono.
E foi aí que percebi, perdida em pensamentos, que não há saída do meu próprio labirinto
Minotauro escondido, onde não há heróis.
Salva-me da guerra, Teseu está morto
onde os príncipes não vem num cavalo branco
mas lutam com dragões.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pétalas caídas...




Cultivado que em rosa se fez

de pétalas sedosas harmonicas

em que o tempo escorria como em gotas de orvalho

caiam pétalas que descuidadas

sofriam amargura de dores incomuns

No silencio, no escuro, ausência

Cultivo do carinho que se foi

morre flor, nascida em botão perfeito

caem as pétalas que forram o chão

de onde piso e ali se fazem meus passos

Morre a dor, e a beleza

a esperança, amizade, amor

Nada resta, de então só pétalas em flor

Era eu quem corria na brisa

brilho dos teus olhos, guia

fim de tarde amarelado

cor do meu céu, mistura do teu

quadrantes distantes, coerentes

incomuns... tão em comum

da pétala em flor, resto

sombras duplicadas, harmonia

em que o talvez ainda perdure.