terça-feira, 31 de março de 2009

Melancolias Utópicas

A melancolia se arrasta pelo chão
onde o tempo se arrasta ao redor
Suplício do peso dos séculos
Estátua, adornada de eternidade
Retrato vivo da antiguidade presente
Quebrada e lascada, as farpas fincadas
Espinhos da luta, escudo no chão
A espada sem fio, na mão, fechada
Apenas corta o tempo
Separa o foco, distrai o reflexo
Cansaço, fruto do tédio, império interior
Resquício e fragmentos do arrastar dos ponteiros
A roda a girar, fechar os olhos
Voltar
Para o mesmo lugar.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Peças




Resolvi me desmontar
sou quebra-cabeças, peças infinitas
descontruindo, recolocando
O vento sopra, embaralha
Está tudo tão confuso
Falta peças

E essas que são elas?
Me entregue a sua, quem sabe encaixa
E completa um lado, hemisfério
Pólo complexo

Simples, concavo espelho convexo.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Dilacerar - Castigo-me... castigo-te...




Hoje me veio a fúria, tamanha a me castigar
Impossível, tentes, não há como dominar
Hoje eu cerro os dentes, cravo as unhas, arranco-te o coração
empunho a espada, corto o ar, cavalgo sem direção

Hoje as garras saltam-me as mãos
hoje não há pena, não há perdão
rasgo-te a pele, tua carne a dilacerar
meu ódio crescente, corto-te a garganta, sufoco teu ar

E num átimo, teu último suspiro respiro
Satisfeita, saio a caminhar
Não há som, não há resignação
só o silêncio, torpor e minha satisfação.

Quebro-te, parto-me, parto-te, parto eu
Viro o rosto, as costas, a sombra, o ser
Hoje sou absoluta, reino eu, o que foi teu
Parto, com meu retrato rasgado, retalhos, reter.

Universo em corpo

Cai a noite, lua
Sopra a brisa, tempo
Olha o céu, nuvem
Bate as ondas, mar
toca os lábios, beijo
dá-se as mãos, laço
faz-se o nó, atas
fecha os olhos, luz
toca o chão, mármore
silencia, alma
movimento, música
respira fundo, perfume
toca a pele, arrepio
morde os lábios, desejo
toca o fundo, superfície
na janela, caminho
acaricia a pele, gracejo
une os corpos, êxtase
oposto em querer, desprezo